terça-feira, 28 de junho de 2011

Confesso que...

Engraçado que ontem a noite mesmo tive uma idéia genial para escrever. Estava cansada, deixei pra hoje, amadurecendo, e já não sei mais do que se trata. Agora parece um dos meus sonhos onde, quando acordo, tenho tudo nítido e intenso, mas cinco minutos depois me deixa apenas uma leve sensação e a agitação de uma mente inconformada em não saber, em perder-se.
A leve sensação que tenho foi ter pensado em um mapa astral meu que li há uns dois ou três anos (nossa, nem parece tanto!). Revendo melhor a questão, era uma sinastria amorosa, onde acabo de reler os seguintes dizeres: "Vênus em Sagitário é a marca afetiva de Suzanne, que se revela uma pessoa brincalhona, inteligente, divertida, que tirará você de toda e qualquer rotina, tornando sua vida colorida de uma forma que ela talvez nunca tenha sido. Inconstante? É verdade. Mas se você souber ser uma pessoa cheia de surpresas, adepta a sair da rotina, é altamente provável que Suzanne se interesse apenas por você".
Alooou! Quem é essa? Nunca me conformei com essa análise sobre mim. Ainda que essa seja minha marca afetiva, contrária da profissional, nunca me fez o menor sentido. De tudo, o que muito me incomodava era essa forte marca sobre minha inconstância. Que inconstância é essa? Sempre fui muito constante, muito rígida, muito apegada... um sólido carvalho, enfim.
Vocês não vão acreditar no que me veio em mente ontem a noite, que era uma formação de raciocínio ótima, genial e divertida e que agora é só uma sombra de inconformismo: eu tava errada sobre mim!! Sou inconstante. Pronto, falei!
Ai, mas que alívio!! Admito que sou inconstante, que me canso fácil, que sou volátil, que acho as pessoas óbvias e desinteressantes, que mudo de opinião e de argumento para agradar a quem quero conquistar, e que desmudo apenas pelo prazer do choque e da ofensa. Confesso que sou distraída, egoísta, egocêntrica. Confesso que já provoquei zilhões de orgasmos e fingi tantos outros, porque simplesmente não vou me entregar a quem me pegou tão fácil. Confesso que enjôo da rotina, que mudo no trabalho pra poder renovar, que mudo de vida e deixo tudo pra trás. Confesso que desesperadamente tenho medo de perder minha mãe, mas não sinto falta dela como uma filha deve sentir. Confesso que não me sinto parte de grande parte do que participo. Confesso que não tenho amigos antigos, que carregamos por toda a vida. Confesso que não quero ter um carro, não leio os livros que compro, que adoro usar tênis, que não sou ambiciosa, que ainda não sei qual a finalidade da vida. Confesso que minha inteligência me deixa grande tempo ocioso, e que me sobrecarrego por sentir culpa em ter tanto tempo vazio. Confesso que sei que sou temida, por isso sou atacada. Confesso que provoco, mas tenho medo. Confesso que adoraria encontrar alguém que me fizesse realmente extasiada.
Bom, confesso que nada disso foi o que pensei ontem a noite. Ontem pensei num texto bem irônico e engraçado sobre os desastres de ser eu. Quando criança eu adorava assistir I love Lucy. Passava reprises na TV Cultura, acho. Me encantava em ver Lucille Ball errando. Adoraria viver numa comédia pastelão. Lembro de um único episódio: Lucy arrumou um emprego numa fábrica de bombons, cuja função era embrulha-los. Então a esteira ia passando os bombons e ela ía embrulhando, mas não conseguia acompanhar a rapidez, então desesperada começou a esconder bombons nos bolsos e avental. Ao chegar o supervisor, feliz com seu sucesso, aumentou a velocidade da esteira. Imagine a bagunça! Quando o supervisor voltou tinha bombom por todo o lado, ela com a boca cheia, nem conseguia falar, uma zona!
Prometo que vou começar a andar com gravador ou caderneta pra anotar as boas idéias. Confesso que minhas genialidades, meus sonhos e minhas inspirações se esvaem junto ao ar que expiro.
Sorrisos para nossas horas!