terça-feira, 15 de março de 2011

Pensando na vida!

Eu penso! Penso nas minhas escolhas, muitas vezes consideradas estranhas, aquém, perigosas, em outras brilhantes, altruístas, despojadas, excêntricas e inteligentes. Normalmente sou inteligente. Mas só normalmente, pq nem sempre sou normal.
As normalidades em si não são normais. A linearidade faz parte da evolução da vida? Não de onde posso observar. A vida cresce por adversidades. Precisamos de medo pra lutar, de dor pra reagir, e de grandes corações disparados para um belo sorriso. Por que sorrisos são ótimos, e os melhores são após as lágrimas. Tá, eu sei, eu sei, eu não choro, mas que patética não exemplar sou eu, não? Que tipo de crescimento tenho desse não choro? Triste pensar na minha não evolução através da falta de lágrimas e seu consequente sorriso morno.
Tenho pensando nas escolhas que fiz, nas vísceras que tive (tive muitas), na paixão que me impulsionava, nas ideologias, nas conquistas, na satisfação de que fazia o bom, bem e certo. Tenho pensando em meus motivos. Quando esquecemos os motivos, temos sentido?
Lembrei de algo que escrevi em 2005, pouco antes de mudar pra São Paulo. É um conto, e não importa mais se há realidade nisso. Mas lembrei dele há pouco, e acho por bem compartilhar.
Sorrisos para nossas horas!

Da perfeição ao desastre.

Hoje, 04 de junho de 2005, Sábado, às 17h, matei Tâmisa. Dos três lindos e intensos anos em que viveu, dois passou doente. Não tinha cura e os remédios eram só para prolongar a vida e evitar sofrimento. Ainda assim, ela era de uma felicidade única: sempre correndo, pulando, brincando, sorrindo.
No entanto, aqui na casa de minha mãe, assim como eu, ela não foi muito bem aceita. Tinha medo do meu irmão e ficava por horas escondida debaixo da minha cama. Depois passou só a comer no meu quarto e, preferencialmente, comigo na cama.
Viajei no feriado e, estendendo-o por quase uma semana, tive o melhor momento de minha vida. Dias em que vivi a perfeição. Ao voltar, como uma prova de que a vida é formada de oposições, tudo estava ruindo. Tive assim os climax da minha vida: positivo e negativo, tudo ao mesmo tempo.
Veterinários chamam o procedimento de eutanásia. Para a cachorra pode ser. Pra mim, será sempre sacrifício. Se não do animal, que seja do dono. Tâmisa agora descansa. Mas eu nunca vou esquecer. Uma injeção e ela, nos meus braços, adormece. Outra em seguida e o tempo parece parar. Eu ainda a olhava e a tinha com a cabeça no meu braço quando ouvi a confirmação do óbito. Estranho e rápido.
Fui enterrá-la e fiquei com ela nos braços, depois de cavar e cavar sozinha. Aninhei-a em mim, o corpo desfalecido, e pedi desculpas. Seus olhos não fecharam e, sinceramente, sentia que ela me perguntava o que tinha feito de errado. Velei seu sono, a morta ali era eu. Quando vi que a noite não me deixaria terminar o ato, enterrei Tam. Um amargo pôr do Sol pra nunca esquecer. Seus olhos eu cobri com as lindas orelhas caramelo de cocker.
Fechando com chave de ouro, em casa minha mãe chorava, dolorosamente. A vida é mesmo cínica.
Luto para minhas horas!