segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Despetalando

E estou aqui, despetalando. Bem-me-quer, mal-me-quer, bem-me-quer, mal me quer...

Ah quem me chame de flor! Prefiro ainda a definição de cebola, mesmo que hoje sinta caindo pétalas sedosas e tristes. Sim, feri o cravo, mas saí despedaçada. Uma ironia em cantiga da vida moderna.

Passei o Natal nos meus avós, como sempre! O de sempre, mas pensava nela, e isso era diferente. Pensava em muitas coisas além, em como não conheço minha cidade natal, muito mais por "Éramos Seis" e pelas fantasias coloniais que tenho quando vejo suas estreitas ruas de paralelepípedo.

Aqui em São Paulo tem uma livraria que gostava muito de frequentar, meio comuna, um tanto de esquerda, que até agra minha lembrança imaginativa pensava ficar na Barão de Itapetininga, mas não, pasme. Esta fica perto da República, a livraria é perto da Augusta... uma pena!. Mas entre a Augusta e a Frei Caneca tem um bar ótimo: Barão de Itararé. No cardápio tem frases e passagens da vida deste boêmio-autor, inteligente, sacado e bem humorado. Aí eu fico pensando: nem ligaria de ser Itarareense. Me identifico!! O mesmo digo do Salve Jorge, um ótimo bar em frente ao Bovespa, com o melhor chopp Brahma Black que conheço e frases sacadas pro santo, com direito aos 10 mandamentos da boemia. Ai, ai, São Jorge, me empresta o dragão.

Ogum foi o primeiro orixá a descer aqui pra terrinha. Cabra macho esse Ogum. Eu não descia!!! Venho aqui pq to pagando, é carma em cima de carma, notinha por notinha, pague uma e ganhe duas! Meus carmas mais parecem dívida externa no plano cruzado! Mas sou pobre da classe CDF, pago tudo, devo nada pra ninguém. E se eu to pagando, me banco, se me banco, me basto, se me basto sinto sua falta!

Sinto sua falta, não posso esperar tanto tempo assim! É um tic-tac do amor. Eu consigo escutar aqui em meu peito: tictac, tictac, tictac, talvez o amor tbém tenha relógio biológico. Ou talvez seja uma bomba relógio: decifra-me ou te devoro! Eu aqui despetalando tudo, tentando marcar o passo, acertar a senha, chegar ao fundo, e de repente tudo aos ares no segundo seguinte: é a vida!

Mas tenho urgência! Que disparem todas as bombas, que exploda meu coração, que toquem os sinos, anunciem o final dos tempos, quem se importa?: tenho urgência. Urgência da certeza, do sentir, do pegar. Tenho urgência de realidade, mesmo sabendo que toda chaminé tem fuligem e que toda cebola faz chorar. Chore mundo, eu me despetalo. Bem me quer, mal me quer, mas queira!

2 comentários:

  1. show! gostei! um tanto poético, um tanto "despetalante"... gostei também das referências, adoro o Salve Jorge do centro... amo o centro... o lugar bonito...

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    1. pois é, adoro o centro! Bomque tenha gostado do texto, sempre sem sentido,mas cheio de vontade. Abs

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