domingo, 4 de dezembro de 2011

Quem tem medo do lobo mal?

Predadora, eu? Li tal e, num primeiro momento, achei que sim. Depois reafirmei o que sempre soube: não, eu não sou! Eu não caço, observo. Não cerco, acompanho. Não ataco, só concluo. Não, eu não sou uma loba! Sou uma dessas forças da natureza que vez ou outra ganham uma oferenda, um sacrifício!
Deve ser isso. Fazer amor não é devorar uma presa, mas uma ritualização divina. É conectar-se cosmicamente aos deuses e esgotar todas as possibilidades físicas de prazer. Isso é êxtase: esvaziar-se até ser o próprio Universo.
Ok, ok, eu mordo, e eu domino, eu consumo por inteiro e não deixo outra escolha que não seja a de total entrega ao momento sublime de um gozo perfeito. Tenho, sim, um lobo em meu peito, fechado em convenções e segredos, escondido e revelado nos momentos de profundo sacerdócio. Mas de que é capaz um lobo qdo em seu caminho atravessa uma mulher com uma leoa em seu peito?
Divina desgraça é a mulher! Que se deixa levar, seduzir, amar, que se entrega totalmente ao sacrifício do corpo, sabendo que todo ele, e sua mente, sua alma, se encaixarão ao desejo de seu algoz.
Divina tormenta é a mulher! Seu cheiro, seu gosto que harmoniza seu desejo ao outro, que reprime seu animal, que se deixa esgotar em prazer, dor e ânsias, que pede por mais, que sabe que pode, que consegue, que tem.
Divina dominadora é a mulher! Sua dissimulação em presa, sua entrega em sacrifício. A passividade ao ser consumida por um lobo. Sua leoa ronrona caprichosa, unhas guardadas, apostos, sorridentes: hora dessas sangram! É da índole da leoa ser leoa, e todo lobo o sabe!

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