quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sim, eu te desprezo!!

É aquela rotina que se repete todos os dias: acordar, trabalhar, fantasiar sobre sexo no trânsito, fazer ou não fazer sexo, fazer escolhas. Escolhas, escolhas, tenho problema com escolhas...

Primeiro escolher quem eu sou, a imagem que eu tenho, o que eu represento às pessoas. Somos vários: como nos vemos, como nos vêem, como somos realmente. E isso gera uma série de desencontros, base pra grandes confusões, bons filmes europeus, algumas lágrimas, anos de terapia.

Enfim, escolhemos como queremos ser, e vestimos aquela fantasia que nos adere a ponto se de tornar uma nova pele. Roupa em cima de roupa, muitas camadas de você (olha eu com a síndrome da cebola de novo), e você é o que não é, imprime uma marca que não tem, vende um peixe que certamente vai feder: uma hora será cobrada por um personagem que, no íntimo, é apenas uma completa estranha que você não quer ser.

Mas vai, digamos aí que mantenho bem administradas todas as ilustres imagens, funções e personalidades. E banco muito bem paga a forte, inteligente, superior, que no fundo sabe que ali pagando de gostoso está apenas um merda. Ah, que delícia!! Não dizer nada e saber que ali, na sua frente, aquela figura patética sabe que você despreza e repudia aquela imagem mal vendida de bem sucedido.

É a tal da imagem superior. Quando você passa a vida se esforçando muito pouco pra ter reconhecido um certo talento, ganha grátis da vida uma certa aptidão pra arrogância dissimulada, as vezes descontrolada, acompanhada do arzinho superior, distante, intimidante e ausente. Mas é justamente essa silhueta de força e desdém o ponto fraco desta figura autônoma: o fodão-merda precisa destruir!

Certa vez assisti esse Saia Justa, que abaixo posto o trecho que me chamou a atenção. Sou vítima de um fodão-merda.  É um mix de assédio moral com dúvidas sobre minha própria capacidade. Mas acho que o grande barato de assediar moralmente alguém é sutilmente minar sua estrutura de forma sistemática e desapercebida e, em caso de reação da vítima, ter ainda a possibilidade de passar-se por agredido. Um grande talento, a brilhante arte da guerra, que nenhuma personagem minha tem, que desprezo, mas acho brilhante - baixo, cármico, mas brilhante: precisa ter talento pra ser malvado.

Eu olho pro meu personal fodão-merda e sei que ele sabe que eu sei que ele é uma figura patética. Ele, por sua vez, tem o talento de abafar o meu, quase um travesseiro que me sufoca. É cansativo, exige que eu me esforce muito mais para reafirmar que posso muito mais, me deixa as vezes exausta. Por hora, o fato de eu estar no jogo significa que eu tenho ganho as partidas. Por outro, por que mesmo estou jogando?

É a sutilidade, a crítica velada, a palavra não dita, a dissimulação, que gera o grande ódio do qual quase não mais consigo escapar. Uma vez numa discussão, minha mãe disse à sua oponente: "Não vou te dizer um ultraje, mas penetra no meu pensamento e sinta-se ofendida da pior maneira possível". A mulher enlouqueceu, ficou altamente humilhada e ofendida. É brilhante! A palavra não dita é a que mais ofende, maltrata e nos consome a alma. Por outro lado, é a que provoca as reações mais agressivas, sistemáticas e de longo prazo. Acho que o arzinho de superioridade me tem colocado em risco. Tá na hora se sentar pra uma conversa franca com meu ilustre fodão: vai tomar no cu, seu merda!










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